Jovem produtora de Salvador do Sul investe no bem-estar do rebanho para garantir boa produtividade no leite
02/06/2023 às 10:40 - Salvador do Sul
‘Pode parecer diferente, mas se eu coloco uma música mais calminha aqui no galpão, as vacas
relaxam e produzem mais’. Por mais que as pesquisas com musicoterapia como parte da análise da eficiência da produção leiteira ainda engatinhem no País, de alguma maneira este fato pode dar uma dimensão dos cuidados que a agricultora Juliana Löff, de Salvador do Sul, dispensa com o seu rebanho. ‘Animais agitados, com calor excessivo, estressados, mantidos em locais desconfortáveis podem sim ser impactados negativamente. O ambiente é importante, afinal. A ordenha, então, que é o local onde as vacas escutam música, nem se fala’, ressalta Juliana.
E por mais que Juliana, em um primeiro momento, foque nesse aspecto peculiar, salientando ainda que ‘elas não gostam de rock por ser um estilo muito barulhento’, basta chegar à propriedade
localizada na comunidade de Campestre Baixo, para que se tenha uma melhor ideia dos motivos
de o rebanho alcançar números satisfatórios.
Repousando em um amplo e bem ventilado free stall, as 27 vacas em lactação dispõem de todo o
alimento necessário para uma dieta equilibrada. O mesmo valendo para a água, que é reservada
em dois compartimentos, um de 20 mil e outro de 15 mil litros. E para a cama, limpa e seca.
Na estrutura, usada para o confinamento de animais produtores de leite, estão dispostos ainda
quase uma dúzia de grandes ventiladores, tudo para que haja um mínimo de conforto para os
dias excessivamente quentes. ‘Em linhas gerais, o que se tem é uma equação que envolve
oferta adequada de alimento, atenção à higiene, à infraestrutura e ao conforto’, avalia Juliana.
Todos esses elementos somados possibilitam uma produção diária de cerca de 440 litros de
leite. Um volume que representa o dobro daquele produzido em 2012, quando por muito pouco a
família não parou.
Na época, com um rebanho bem menor, os pais optaram por comprar a parte que pertencia
ao tio de Juliana. ‘Eu sempre tive o desejo de continuar, desde nova vinha espiar meus pais
trabalhando, ‘ajudava’ com os terneiros’, recorda. A conclusão do ensino médio representou um divisor de águas para a jovem, então com 17 anos. ‘Foram muitas conversas em família e as decisões sempre tomadas com os pés no chão, com um passinho de cada vez’, explica a agricultora, indicando o local em que ficava a antiga sala de ordenha, uma estrutura mais ao alto na propriedade e que hoje comporta as
vacas secas, as novilhas e os terneiros.
Para Juliana, esse foi um caminho natural, que contou ainda com o apoio da Emater/RS-Ascar,
especialmente na condução de projetos por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), como no caso do próprio free stall. Outros investimentos como
em maquinário, em estrutura de calhas para a captação de água e mesmo em painéis de energia
solar dão uma dimensão da atenção da família - completada pelos pais Adair e Jacinta - ao
trabalho. ‘O que se percebe é uma ótima gestão, com uma jovem motivada a permanecer na
propriedade’, indica o extensionista da Emater/ RS-Ascar Leandro Marques.
‘Somos a terceira geração produtora de leite, tudo começou com o meu avô’, lembra Juliana.
‘E na atualidade há uma condição muito maior para que se toque a atividade, especialmente no que diz respeito às tecnologias’, pontua. Com 16 hectares na propriedade, sendo cinco utilizados para a agricultura, fora outras áreas arrendadas para a produção de milho para silagem e pastagem, a jovem projeta aumentar o rebanho para cerca de 50 animais, que juntos poderão produzir até mil litros de leite por dia. ‘É bom Juliana preparar o radinho. Com música boa, talvez o percurso possa ser ainda mais tranquilo’, brinca
o extensionista.