Dia da Gestante: 5 dicas para uma gestação mais saudável e consciente

15/08/2022 às 10:28 - Salvador do Sul

Nesta segunda-feira, 15 de agosto, é celebrado o Dia da Gestante. A data vai além da parabenização, trazendo também uma reflexão sobre esse período e a importância dos cuidados
Nesta segunda-feira, 15 de agosto, é celebrado o Dia da Gestante. A data vai além da parabenização, trazendo também uma reflexão sobre esse período e a importância dos cuidados

Nesta segunda-feira, 15 de agosto, é celebrado o Dia da Gestante. A data vai além da parabenização, trazendo também uma reflexão sobre esse período e a importância dos cuidados para uma gestação saudável. 

  

‘Muitos focam em questões relacionadas à alimentação, exercícios, consumo de álcool e tabaco durante a gestação. Sem dúvida, são itens importantes, mas uma gestação saudável vai muito além, envolve os aspectos mentais dessa mãe, informação e consciência sobre todo o processo. A informação empodera e afasta sentimentos como insegurança e medo’, destaca Erilene Castro, enfermeira obstétrica do Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan, gerenciado pela Pró-Saúde no interior paraense. A unidade é referência para gestantes de alto risco de todo o Baixo Tocantins.

 

Yara Leite, enfermeira obstétrica do Hospital Bom Pastor, lembra ainda que o período gestacional é marcado por muitas mudanças, desde a parte física da mulher, até os hábitos de vida e rotina da família. ‘É natural que a atenção se volte para o momento do parto, um marco dessa mudança, quando na verdade são nove meses que demandam cuidados, atenção e preparo’, destaca a profissional.

 

Diferente de hospitais dos grandes centros urbanos, o Bom Pastor é referência no atendimento à saúde indígena para mais de 50 aldeias na região de Guajará-Mirim, em Rondônia, onde 90% do acesso é por meio fluvial. Atuando como a única maternidade da região, o Bom Pastor possui estrutura para todo o processo do parto, com salas de PPP (pré-parto, parto e pós-parto), salas cirúrgicas, enfermarias, incubadoras e berços aquecidos. 

 

Confira as dicas:

 

- Faça o pré-natal corretamente

Realizado na rede básica de saúde dos municípios, o pré-natal é fundamental para detectar doenças pré-existentes na mulher, como anemia e diabetes, e acompanhar o desenvolvimento do bebê, detectando intercorrências, como malformações ou doenças congênitas. O Ministério da Saúde recomenda que as consultas do pré-natal sejam feitas pelo menos seis vezes durante a gestação, sendo uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro, além de uma sétima consulta em até 42 dias após o parto.

 

‘Ser presente nas consultas é essencial. Uma falta atrasa toda essa programação e impacta no correto acompanhamento do bebê. Problemas detectados precocemente permitem o tratamento intrauterino, proporcionando ao recém-nascido uma vida perfeitamente saudável’, alerta Yara.

 

- Estude e se empodere sobre os processos de parto

Muitos têm uma visão externa e distante do processo de parto. Saber exatamente o que vai acontecer em cada etapa - pródomo, latente, ativo e expulsivo - faz muita diferença. ‘Quanto mais conhecimento, menos medo você vai sentir, pois entende o que está acontecendo e já sabe o que esperar’, explica Erilene.

 

Por isso, é importante conhecer os tipos de parto, as fases e até mesmo possíveis intercorrências para passar de forma mais tranquila por esse momento tão intenso e marcante. Conversar com seu médico, desenvolver um plano de parto - documento com as diretrizes básicas do que deseja ter ou fazer durante o trabalho de parto -, e conhecer a estrutura do local escolhido podem ajudar.

 

Ao contrário do que muitos pensam, o atendimento humanizado pode ser estendido tanto para partos naturais quanto para cirurgias cesarianas. ‘Isso porque ele inclui uma escuta direcionada à mulher, respeitando suas escolhas. No caso do parto normal, a mãe decide como parir, onde quer o parto, qual a posição, quais métodos serão utilizados para alívio da dor’, complementa Yara. 

 

- Cuide da sua saúde mental e se mantenha ativa

É comum que gestantes, por medo ou até mesmo pressão externa, se afastem de suas atividades habituais, como trabalho, lazer ou atividades físicas. Porém, esse longo período de isolamento e ociosidade pode impactar negativamente na saúde física e mental, desencadeando até mesmo casos de depressão.

 

É essencial buscar orientação médica para definir quais atividades são permitidas de acordo com cada quadro clínico. De forma geral, yoga, pilates e hidroginástica são opções que podem ajudar a se manter ativa e esvaziar a mente, auxiliando na prevenção de doenças como hipertensão e diabetes gestacional. 

 

- Se prepare para as mudanças

A chegada de um bebê é marcada por mudanças, seja no campo físico, emocional, financeiro e até mesmo dos hábitos do cotidiano. Lembre-se que um bebê tem sua própria rotina de sono e alimentação, que pode impactar de forma significativa nos hábitos da família.

 

‘No início da vida, o ritmo do bebê não é afetado pelo ciclo de dia/noite, por isso, pode parecer que eles exigem muito durante a madrugada, causando privação de sono nos pais, que já têm uma rotina estabelecida. É preciso ter calma e traçar estratégias para minimizar o impacto, como por exemplo, revezar os cuidados entre os pais’, sugere a profissional do Hospital Bom Pastor.

 

Além disso, insumos como fraldas, vacinas, remédios e consultas médicas podem pesar no orçamento. Por isso, é essencial ter consciência e se preparar para todos esses impactos.

 

- Crie uma rede de apoio e aceite ajuda

O processo de parto e as mudanças impostas pela chegada do recém-nascido, que precisa de cuidados durante todo o tempo, podem ser desgastantes. Construir uma rede de apoio, envolvendo familiares e até amigos pode ajudar a enfrentar os desafios de forma mais leve.

 

Arrumar a casa, preparar uma refeição, servir água ou supervisionar o bebê por alguns minutos, são algumas das tarefas que podem ser executadas por essas pessoas ao redor da mãe. ‘É normal o sentimento da puérpera de estar atrapalhando ao pedir ajuda ou que precisa dar conta de tudo sozinha. Mas lembre-se de que essas pessoas são próximas e se importam com você. São ações simples, mas que podem te ajudar a ter mais qualidade de vida e disposição para se dedicar ao bebê’, ressalta a enfermeira do Materno-Infantil de Barcarena.

Diabetes gestacional exige cuidados

Diabetes gestacional exige cuidados
Diabetes gestacional exige cuidados

Hoje, 15 de agosto, é comemorado o Dia da Gestante, data criada para fortalecer os cuidados que as grávidas precisam para uma gestação saudável e sem preocupações. Neste sentido, a Sociedade Brasileira de Diabetes alerta para o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), que pode causar complicações, a curto e a longo prazo, tanto para a mãe quanto para o bebê. As complicações obstétricas variam desde parto prematuro até pré-eclâmpsia; o bebê pode nascer grande e ter complicações como hipoglicemia e desconforto respiratório. É importante salientar também que as mulheres que tiveram diagnóstico de DMG têm maior risco de progredir para Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e os seus filhos, maior chance de ficarem obesos e com DM2 ao longo da vida.

Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por mudanças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Há algumas características que elevam o risco de a gestante ter essa complicação, como história familiar de diabetes mellitus; já ter exames de sangue com glicose alterada em algum momento antes da gravidez; excesso de peso antes ou durante a gravidez; gravidez anterior com feto nascido com mais de 4 kg; histórico de aborto espontâneo sem causa esclarecida; ter hipertensão arterial; ter ou já ter tido em gestação anterior pré-eclâmpsia ou eclâmpsia; ter síndrome dos ovários policísticos e usar corticoides.

A prevalência de DMG é muito variável, dependendo da região, indo de 9,5% na África para 26,6% no Sudeste Asiático. No Brasil, estima-se que a prevalência é de 18%. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o DMG afeta aproximadamente 15% das gestações em todo o mundo, representando cerca de 18 milhões de nascimentos por ano. O DMG é uma das complicações médicas mais comuns da gravidez.

‘É importante alertar que mulheres diabéticas (Tipo 1 ou Tipo 2) que engravidam não são consideradas portadoras de diabetes gestacional, que só aparece somente após iniciada a gravidez’, explica dra. Patricia Dualib, endocrinologista e coordenadora do Departamento de Diabetes Gestacional da Sociedade Brasileira de Diabetes.

O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem a glicemia de jejum no início da gestação e, a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância à glicose. ‘O pré-natal é essencial para a mãe e para o bebê’, afirma dra. Patricia. ‘Nas consultas, o obstetra pode detectar a doença e iniciar o tratamento.’

A base do tratamento do DMG é uma alimentação saudável, atividade física e controle das glicemias capilares. As refeições, por exemplo, devem ser fracionadas ao longo do dia e as gorduras dar lugar às frutas, verduras, legumes e alimentos integrais. Se não houver contraindicação do obstetra, exercícios físicos moderados também devem fazer parte da rotina. Se, apesar de todos esses cuidados os níveis de glicose continuarem altos, o médico pode indicar insulina para manter a glicose no nível desejado (no jejum < 95 mg/dl e 1 hora após a refeição < 140 mg/dl).

Se não for tratada, a diabetes gestacional pode acarretar problemas à gestação e ao bebê. O excesso de glicose no sangue da mãe atravessa a placenta e chega ao feto. O pâncreas do feto passa a produzir grande quantidade de insulina, na tentativa de controlar a hiperglicemia. Como a insulina é um hormônio que estimula o crescimento e o ganho de peso, o feto cresce excessivamente e habitualmente nascem com mais de 4 kg, necessitando ser submetido a parto por cesariana.

Normalmente o problema acaba logo após o parto, mas é importante que mulheres que tiveram altas taxas de glicemia na gravidez façam um novo teste de sobrecarga de glicose após 6 semanas do parto.