A corrida de dezembro

02/12/2022 às 11h37

Anderson Zirbes

Anderson Zirbes

Psicólogo clínica de orientação analítica formado pela universidade luterana do Brasil. Atendimentos presenciais e online. Email andersonzirbes@gmail.com - Whatsapp 51 999607493.


O final do ano pode ser uma época especialmente estressante. Existe uma corrida contra o tempo
como se não houvesse um novo ano, com novos 365 dias para cumprir aquilo que ficou para trás.
Com o fim dos ciclos surge a cobrança das metas que não se concretizaram e a urgência em dar
conta delas para que novas possam ser projetadas.
Esse sentimento pode vir acompanhado de sintomas como estresse, insônia e ansiedade. Aqui é importante parar e reavaliar o que é possível e imprescindível de dar conta, e o que pode ser resolvido no próximo ano.
A elaboração de metas é um hábito que vem se disseminando ao longo do tempo e a medida dessa
elaboração pode dar um tom tanto negativo quanto positivo e produtivo. Certamente é muito útil colocar
no papel tudo aquilo que queremos para a nossa vida, porém exigir de nós mesmos propósitos difíceis de
atingir, pode surtir o efeito oposto ao esperado.
Por isso, existem questões importantes a serem consideradas ao projetar metas: Está sendo avaliado
se essas metas são coerentes? Está ao alcance? Elas atendem a realidade e necessidades? Ou se está apenas buscando aquilo que o outro espera que se faça?
A comparação pode ser uma armadilha nesse momento e enquanto não se sabe o que quer e precisa, nunca se estará satisfeito e viverá em um ciclo eterno de frustração. E nesse contexto que cabe a
importância do autoconhecimento, do olhar para si e reconhecer o que se quer para o seu eu, o que precisa
fazer para alcançar e o que realmente falta.
Ao mesmo tempo é importante perceber que cada fase pode exigir que se elejam prioridades diferentes, onde haverá uma dedicação maior em um quesito do que outro e não é necessário dar conta de
tudo sempre. Focar no que é mais útil hoje também permite que se faça isso com mais qualidade e eficiência.
Vivemos um momento extremista, onde se precisa ser inteligente, atlético, elegante, interessante
e bem-sucedido. Não importa o quanto se faça algo bem, sempre parece que tem alguém que faz melhor,
nada é suficiente. Para ser bom, precisa estar acima da média, ou será um fracassado. Mas é uma cobrança baste dura, não é mesmo? O fracasso é uma possibilidade e sempre será, mas que só existe para quem se arriscar.
O autoconhecimento também envolve encontrar o equilíbrio entre o que consideramos ser ideal e o que
agora é real de ser concretizado. Consiste em estar claro que o que cabe ao outro não necessariamente vai
servir para mim, afinal somos absolutamente todos diferentes e com desejos, anseios e objetivos diversos.
O ponto é não esperar apenas a linha de chegada, mas apreciar cada passo da caminhada. Então
que nesse novo ano a principal meta possa envolver se encontrar com seu eu e ser mais gentil consigo
mesmo, buscando objetivos mais palpáveis e que atendam sua realidade nesse momento.