Ansiedade: sempre é algo ruim?

29/08/2024 às 06h36

Rodrigo Fernandez Rosa

Rodrigo Fernandez Rosa

Psicólogo (CRP 07/23955)

Ansiedade: sempre é algo ruim?
Ansiedade: sempre é algo ruim?

 

A ansiedade, frequentemente vista como uma inimiga implacável, é, na verdade, uma atenta guardiã. Ela nos incentiva a tomar precauções necessárias, como olhar para os dois lados antes de atravessar a rua ou evitar caminhar sozinhos em ruas escuras à noite.

Contrariando a percepção comum, a ansiedade não é sempre um sinal de desordem psicológica. Trata-se de um mecanismo intrínseco de proteção, alertando-nos sobre possíveis situações desconhecidas ou perigosas. Esse traço evolutivo foi, possivelmente, reforçado ao longo da história da nossa espécie, onde indivíduos mais ansiosos se destacavam por serem mais cuidadosos, o que aumentava suas chances de sobrevivência e, consequentemente, de perpetuação dos seus genes.
Há uma distinção clara entre a ansiedade adaptativa e a disfuncional. A primeira é um estado emocional que antecede um evento potencialmente danoso e provável de ocorrer, como a ansiedade sentida antes de uma prova. Essa sensação pode ser usada como um impulso para estudar e alcançar uma boa nota, funcionando como uma ferramenta de resolução.

Por outro lado, a ansiedade disfuncional emerge quando a preocupação é desproporcional ao risco real. Ela precede um evento potencialmente perigoso, mas com uma probabilidade muito baixa de ocorrer, e se caracteriza por comportamentos improdutivos. Um exemplo seria sentir-se ansioso com a possibilidade de ter uma doença grave, mesmo após exames médicos confirmarem a ausência de qualquer problema.

Há, ainda, situações em que a ansiedade surge sem que possamos fazer algo para solucionar o problema. Nesses casos, a gestão da ansiedade torna-se crucial, exigindo que aprendamos a lidar com a espera e a incerteza.

É fundamental reconhecer que a ansiedade não desaparecerá por completo. O que devemos fazer é observar se a intensidade desse sentimento está adequada à situação vivida e se nosso comportamento é eficaz para enfrentar o estressor. Aprender a equilibrar a ansiedade é, portanto, um passo essencial para uma vida mais saudável e consciente.

Lembre-se! Não temos controle sobre o que sentimos, mas podemos tentar lidar melhor com o que fazemos e com o que sentimos.