Despretensiosamente egocêntrico
30/07/2024 às 19h16
Cathierine Hoffmann - Jornalista
Jornalista, formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Comunicadora multimídia, assessora de imprensa e editora reponsável do Expressão Regional
Todos nós conhecemos o perfil de um narcisista. Ele existe no ambiente de trabalho, no núcleo familiar, no grupo de amigos. Ele só conta vantagem, quer chamar a atenção e ter holofotes. Mas tem um lugar que o narcisista pode ser mais nocivo: na política.
O narcisismo projeta uma sombra tenebrosa sobre a democracia. Por definição, o narcisista tem problemas para criar empatia e interagir com os outros. E nisso se baseia a democracia. Desde a Grécia clássica, os filósofos insistiam que uma discussão saudável sobre o bem comum exige que os cidadãos transcendam seus interesses privados para se converterem no que Aristóteles chamou de animais políticos.
Mas poucos são os políticos que desejam transcender. Líderes megalomaníacos pouco contribuem para o conjunto. Aí podemos citar exemplos como Berlusconi, na Itália, ou mesmo Trump, nos EUA. Mas tem um tipo mais preocupante: o despretensiosamente egocêntrico ou o narcisista dissimulado. Sabe aquele cara ‘gente boa’, que tudo que faz é ‘pensando nos munícipes’, mas no fundo só sabota o conjunto em seu próprio interesse? Pois é. Os narcisistas do tipo dissimulados têm a mesma necessidade central de alimentar seu próprio ego a todo custo, mas seus métodos costumam ser mais velados. Eles dizem ser legais, que pensam somente na coletividade, que suas ações são voltadas à prestação de serviços para a comunidade, mas seu comportamento no fundo é calculado, fazendo as coisas pelas costas em seu próprio benefício. Gritam aos quatro ventos que são do bem. Mas fazem o contrário.
Já viu algo assim na TV? Com Trump, percebemos que nem mesmo na democracia mais estável do mundo foi suficiente para impedir uma política desprovida de civilidade. Imagine... E não estamos livres disso nem bem perto da gente. Um vale-tudo na política tem sido notado bem antes da campanha iniciar aqui no Brasil para as eleições municipais. E muitas das ações que vem são de personagens narcisistas disfarçados, se colocando como vítimas, sem considerar que o seu próprio comportamento (muitas vezes já dentro dos cargos eletivos) é a causa dos resultados. É sempre culpa de outra pessoa, alguém sempre foi injusto com eles (a imprensa então.. a vítima favorita dos narcisistas dissimulados). Difícil decifrar esse tipo né?! Mas vale a pena prestar atenção e não ser enganado.