A mentira sobre a polarização no Brasil

Há anos a mídia nacional faz você acreditar numa atual polarização política brasileira. Mas essa é na verdade uma grande mentira.

25/07/2022 às 14h46

Cathierine Hoffmann - Jornalista

Cathierine Hoffmann - Jornalista

Jornalista, formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Comunicadora multimídia, assessora de imprensa e editora reponsável do Expressão Regional

Há anos a mídia nacional faz você acreditar numa atual polarização política brasileira. Mas essa é na verdade uma grande mentira. Então, você pode atribuir o assassinato de um lulista por um bolsonarista à polarização. Mas não é. Vamos aos fatos (só alguns):
1. Nas últimas semanas, diversos atos violentos em eventos envolvendo a campanha de Lula foram registrados, desde a explosão de bombas caseiras com fezes à invasão de reuniões; 2. Um compilado de fatos: ataques coordenados contra a jornalista Patrícia Campos Mello; Marielle Franco; ‘Fuzilar a petralhada’; ‘Varrer essa turma vermelha do Brasil‘; ‘Petralhada, vai tudo vocês para a ponta da praia’ (lugar de desova de corpos na ditadura); 3. Jair Bolsonaro concede indulto ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo STF após atacar a corte e dizer que imaginava ministros ‘levando uma surra’; 4.O assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda, que comemorava seu aniversário de 50 anos quando foi atacado pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho.
Desde que o presidente Bolsonaro foi eleito, a imprensa nacional insiste em manter os fatos acima no campo da democracia, ou seja, na polarização da direita contra a esquerda, e vice-e-versa. Polarização política no Brasil sempre existiu. Sim. Mas não se trata do que lemos repetidamente nos portais de notícia. O que bolsonaristas vem fazendo não é uma luta pela democracia para defender seu viés político. Não. Isso só tem um nome: VIOLÊNCIA. Aí alguns vão falar para mim da esquerda e de suas históricas atrocidades para defender o comunismo. Também é verdade, o mundo viveu capítulos sangrentos sob a bandeira do comunismo. Mas no Brasil hoje NÃO HÁ COMUNISMO a ser combatido.
Pessoas com viés político de esquerda, de qualquer partido, não falo somente do PT (espero que essa consciência as pessoas tenham), ultimamente não se sentem confortáveis a se declarar de esquerda por MEDO. Medo da represália, de perder amigos ou até mesmo do linchamento.
Por outro lado, não vejo o mesmo medo dos pró-Bolsonaro. Senão as inúmeras placas pela região não estariam lá né. Isso é liberdade democrática. Você tem todo direito de ser pró-direita, ter sua opinião favorável ao presidente. Mas deve fazer a leitura correta do atual momento brasileiro. A violência para defender uma ideologia não é democracia.
O Brasil é pluripartidário. Não é só uma questão ser Lula ou Bolsonaro. Só hoje já são 12 pré-candidatos à Presidência! 12!! Nosso espectro político sempre foi equilibrado. E de uma vez por todas quero deixar bem claro aqui, no meu espaço opinativo que não sou contra o Lula, contra o Bolsonaro, contra sei lá quem seja. Mas nunca, jamais fecharei os olhos para a imoralidade, falta de ética e a violência. Quero um país melhor para mim, para minha família, para todos nós.
E é o mínimo pedir que o Jair Bolsonaro se comporte como a figura institucional para o qual foi eleito: presidente do Brasil. Coisa que ele não fez um dia sequer do seu mandato.